Egressa da Urcamp conquista certificação internacional em Toxicologia
Por Melissa Louçan/Jornal Minuano
A cientista Miriana Machado, natural de Bagé e formada na primeira turma do curso de Farmácia da Urcamp, conquistou recentemente a certificação Diplomate of the American Board of Toxicology (DABT), um dos mais importantes títulos da área. A certificação, concedida pelo American Board of Toxicology (ABT), reconhece profissionais com alto nível de conhecimento e competência global no setor. Com isso, Miriana se torna apenas a segunda mulher em toda a América Latina a obter essa distinção.
"Na prática, ter o diploma da ABT traz maior reconhecimento e aceitação dos relatórios elaborados tanto pelos clientes (indústria) quanto pelos órgãos reguladores brasileiros, como Anvisa, MAPA e IBAMA, e do exterior, como FDA, EFSA e EMA", explica a cientista.
A trajetória de Miriana até a certificação envolveu mais de 20 anos de estudos e experiência na área. Após concluir a graduação em Farmácia na Urcamp, ela cursou mestrado, doutorado e pós-doutorado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), incluindo um período de estágio-sanduíche na Sorbonne Université, em Paris.
Além disso, trabalhou em laboratório de prestação de serviços em toxicologia e, nos últimos dez anos, é cofundadora e diretora técnica da InnVitro, empresa especializada em suporte e gestão toxicológica, ao lado da também cientista Izabel Vianna Villela, que já detém a certificação DABT desde 2022. Juntas, elas consolidaram a InnVitro como referência nacional e internacional na área.
Após quase 20 anos fora, a cientista voltou a morar em Bagé em 2021, atuando em regime de home office pela InnVitro e como professora convidada do curso de Especialização em Engenharia e Segurança do Trabalho da Unisinos. A cientista ressalta que a busca por excelência continua. "Permanecemos participando de cursos e eventos que possam trazer mais conhecimento. Também cogitamos a certificação europeia ERT para os próximos anos", afirma.
Além do avanço profissional, Miriana destaca a conquista de espaço das mulheres na ciência. "É uma realização e uma satisfação poder trazer esse título para o Brasil, ajudando a nos destacar na área de toxicologia. Além disso, sou a segunda mulher com esse título em toda América Latina, reforçando o protagonismo feminino, que está sendo conquistado com muito esforço."
A importância da pesquisa
A toxicologia desempenha um papel essencial para garantir que produtos usados no dia a dia sejam seguros para consumo e aplicação. Segundo Miriana, essa ciência está presente na avaliação de medicamentos, alimentos, dispositivos médicos (como próteses e preenchedores), cosméticos, produtos veterinários, saneantes e agroquímicos. O trabalho do toxicologista é analisar estudos e atestar a segurança dos produtos para os usos pretendidos.
Um exemplo recente que reacendeu a discussão sobre a toxicologia é o caso do polimetilmetacrilato (PMMA), substância utilizada como preenchedor estético. O Conselho Federal de Medicina (CFM) solicitou à Anvisa a proibição de seu uso devido a relatos de lesões crônicas e inflamatórias em pacientes. No entanto, do ponto de vista toxicológico, a matéria-prima não é classificada como perigosa pela Agência Europeia de Químicos (ECHA). "Para que a utilização seja segura, é fundamental que os produtos tenham sido previamente avaliados e aprovados pela Anvisa e sejam aplicados por profissionais qualificados", destaca Miriana.