Enfermeira compartilha experiência como paciente oncológica em palestra para equipe do HU

Palestrante, Lúcia Azanbuja Saraiva Vieira recebe presente da equipe

Integrando a programação da campanha do Outubro Rosa, na manhã desta sexta-feira, o Hospital Universitário da Urcamp recebeu a enfermeira da Secretaria Estadual de Saúde, Lúcia Azambuja Saraiva Vieira. Nesse encontro, entretanto, além das tradicionais dicas de saúde, a profissional que trabalha no setor de regulação da 7ª Coordenadoria Regional trouxe um pouco da sua própria experiência na relação com o câncer. Em uma conversa reveladora, pelo detalhamento da experiência como paciente oncológica, mas afetiva pelos detalhes da acolhida e atenção ao tema, Lúcia descreveu sua jornada contra a doença. 

Profissional da saúde preparada para auxiliar pacientes nos mais diversos desafios, a enfermeira viu-se frente a um diagnóstico de câncer de mama em 2017. “De repente, eu, como profissional da área da saúde, me via como paciente. Mantive meu tratamento em 2018 e 2019 e, dentro desse tratamento, eu desenvolvi o projeto Segura”, relata. A  atividade foi organizada a partir das observações sobre as questões surgidas em torno das cirurgias pelas quais Lúcia teve de passar. “Então, planejamos a doação de bolsinhas para colocação do dreno nas pessoas que fazem cirurgia por câncer de mama” explicou.

Tratar o paciente como gostaria de ser tratado

Professora universitária durante 25 anos na Urcamp, a enfermeira desenvolveu dicas de prevenção e saúde para a equipe do HU. Mas reforçou orientações sobre como cuidar de pacientes com câncer. Por ser alguém que teve as experiências de estar no hospital como profissional e também como paciente, ela aponta: “Eu me lembro de como fui tratada e agora acho que é importante esclarecer que todos nós profissionais devemos atender aos pacientes da forma como gostaríamos de ser atendidos. Infelizmente, em muitas oportunidades os trabalhadores da saúde acabam vivenciando tanto as questões cotidianas que algumas ações ficam mecanizadas. Esta experiência é para alertar que atenção às pessoas nunca é demais, que as pessoas merecem um cuidado diferenciado”, recomenda.

Ao longo do encontro Lúcia ainda destacou os cuidados com a comunicação entre profissionais da saúde e pacientes de câncer, como as formas de explicar os detalhes das doenças, coisas que podem ser ditas, outras que  não são recomendadas. “Às vezes o uso de expressões erradas, por mais naturais que pareçam no ambiente do tratamento, podem mais atrapalhar as condições do paciente do que auxiliá-lo na recuperação”, alerta.

O poder da humanização

A campanha do Outubro Rosa, na medida em que cumpre seu objetivo de alertar para as questões de prevenção, também serve para incentivar um olhar mais humanizado aos pacientes oncológicos a partir de condutas acolhedoras. “Eu acredito que a recepção destes pacientes pode fazer muita diferença no sucesso do tratamento. Por isso achei importante a iniciativa da equipe do HU em promover esses debate em pleno horário de trabalho, reunindo seus profissionais de saúde. Esta enfermidade é muito presente no contexto brasileiro, então estar ali com aquelas pessoas que podem ter casos em suas famílias ou já tiveram algum parente afetado, pode trazer algum conforto ou inspiração sobre como é importante fazer os exames, ter os diagnósticos precoces e cumprir os tratamentos se necessários”, conclui. 

O evento todo foi marcado por exemplos de acolhimento. Mensagens na tela, lembrancinhas personalizadas em rosa e presente ao final da palestra. Além disso, para concluir as atividades, os acadêmicos do curso de Fisioterapia da Urcamp, lotados na clínica escola da HU, desenvolveram dinâmicas de grupo para a integração dos profissionais presentes.

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