Mulheres na fisioterapia esportiva: acadêmica da Urcamp conquista espaço no Guarany

Amanda Jardim da Silva integra comissão técnica alvirrubra
Jovem participa de temporada histórica do futebol bajeense

A conquista de espaço das mulheres no futebol tem sido um processo gradual. Um exemplo disso ocorre no Guarany Futebol Clube, que, por meio de convênio firmado com a Urcamp, abriu duas vagas para acadêmicos do curso de Fisioterapia, possibilitando a inserção de Amanda Jardim da Silva, 23 anos, acadêmica do 10º semestre, na comissão técnica do clube.

A atuação de Amanda no Departamento Médico (DM) do Guarany faz parte de um estágio que integra a formação acadêmica. Ao lado de Emanuel Luiz Bitencourt Bilha, 23 anos, também selecionado para a oportunidade, ela acompanha de perto a rotina dos atletas, participando do processo de prevenção e reabilitação de lesões. A experiência se intensifica com a viagem da estudante de fisioterapia para Curitiba, onde o clube enfrenta o Athletico Paranaense nesta quinta-feira, 13, às 19h30, na Arena da Baixada, pela segunda fase da Copa do Brasil.

A acadêmica destaca a importância da experiência na sua formação e na ampliação do espaço feminino no futebol. “A experiência de estar atuando no DM está sendo ótima, fui muito bem recebida pela comissão técnica e atletas. No início tive mais receio por ter saído da minha zona de conforto, mas as coisas foram fluindo. Participar ativamente da reabilitação e prevenção, ver como ocorre todo o processo tem sido de grande aprendizado. É uma área que sempre me despertou interesse. Cresci vendo meu pai envolvido com o futebol e, quando surgiu essa oportunidade, aproveitei. Participar deste estágio vai além de adquirir conhecimento, mas mostrar que nós, mulheres, devemos conquistar nosso espaço neste meio”, afirma Amanda.

A coordenadora do curso de Fisioterapia da Urcamp, professora doutora Ana Zilda Ceolin Colpo, destaca que a seleção dos estagiários ocorreu de forma técnica, sem qualquer distinção de gênero, mas que posteriormente houve resistência quanto à presença feminina no ambiente do futebol profissional. “Fizemos o convênio com o Guarany, que pediu duas vagas de fisioterapia. No final, foram quatro pessoas que começaram lá: dois homens e duas mulheres. No primeiro encontro com os atletas no Hospital Universitário, onde fizemos uma avaliação físico-funcional, toda a comissão técnica e os atletas estavam presentes. A questão de gênero não foi levantada naquele momento, mas depois chegou até as meninas. Somos uma instituição de ensino e o Guarany é um clube esportivo em ascensão, então temos que mostrar esse caráter de igualdade que sempre pregamos”, explica.

Mulheres nos grupos técnicos: espaço a desbravar

A situação foi discutida na direção do clube e, segundo a coordenadora, a inclusão feminina foi defendida pelo médico Jorge Kaé, resultando na plena aceitação de Amanda dentro da equipe. “Ela mostrou uma postura profissional e foi acolhida pela comissão técnica, pelo técnico Márcio Nunes, pelo preparador físico Matheus Coelho e por todos os atletas. A presença do curso de Psicologia e do professor Elisandro Freitas também foi fundamental nesse processo. Agora, temos a Júlia Kaé trabalhando como médica do clube. Isso representa uma inovação. Tivemos resistência, mas seguimos em frente e conseguimos ir além”, ressalta Ana Zilda.

A participação de Amanda na comissão técnica do Guarany ocorre em um ano histórico para o clube, que disputa simultaneamente o Gauchão Série A, a Copa do Brasil e o Campeonato Brasileiro Série D. A presença de profissionais mulheres em áreas tradicionalmente ocupadas por homens segue como um reflexo das transformações em curso no futebol, reforçando a importância da inclusão e da equidade dentro do esporte.