Jornalista relata jornada pós-AVC e o uso da Inteligência Artificial para acadêmicos de Enfermagem
A importância da resiliência e da inovação no cuidado à saúde foi o foco do encontro promovido pelo curso de Enfermagem da Urcamp, na noite de quinta-feira, 7, no Teatro Cenarte/Urcamp. Com um público formado por acadêmicos e profissionais da área, o evento contou com a explanação do jornalista Roni César Barros Padilha, ex-apresentador de rádio e da RBS TV, que compartilhou sua experiência de vida após um Acidente Vascular Cerebral (AVC), que afetou diretamente a sua carreira, e as novas possibilidades que a tecnologia trouxe para sua reabilitação.
O relato de Padilha inicia num fato ocorrido há 14 anos, quando, aos 44 anos de idade, sofreu um AVC, em Uruguaiana. “Fiquei nove dias em coma e cinco meses me comunicando apenas com os olhos”, contou, destacando a complexidade de seu processo de recuperação e a importância do trabalho de enfermeiros e fisioterapeutas nesse período. Ele enfatizou como a comunicação não verbal desempenhou um papel crucial durante o período em que esteve sem voz, tornando-se uma “ponte” com os profissionais da saúde.
O jornalista detalhou a nova perspectiva que encontrou com o uso da inteligência artificial em sua rotina, permitindo-lhe recuperar parcialmente sua voz para gravações. “Toda a minha carreira sempre girou em torno da voz. Fui apresentador de televisão, radialista e professor de oratória. O AVC me tirou a voz, mas, com a tecnologia, consegui retomar parte desse trabalho”, explicou. A partir desse relato, o palestrante trouxe uma provocação, aos presentes, quanto ao modo de uso da inteligência artificial nas profissões de saúde. “A grande pergunta que fica é: a inteligência artificial vai tirar nossos empregos? E minha reflexão é que ela só ameaça quem não se adapta e aprende mais sobre ela”, opinou.
Durante a palestra, Padilha expressou seu apreço pelos profissionais de Enfermagem e Fisioterapia, setores que foram fundamentais em sua recuperação. No entanto, advertiu com relação aos desafios que serão enfrentados por quem optar por essas carreiras. “Espero que meu relato ajude a reforçar a confiança dos estudantes em suas escolhas, ou, se necessário, que repensem seu caminho com clareza”, afirmou.
Embora sua vida tenha mudado drasticamente após o AVC, o palestrante destacou a capacidade de adaptação e de lidar com as adversidades. “Hoje, meu equilíbrio está prejudicado, e minha voz já não é a mesma. Não posso mais dirigir, mas ainda mantenho certa autonomia, como a de viajar sozinho”, comentou. O encontro deixou um legado para os futuros profissionais de enfermagem, destacando a importância do acolhimento, da empatia e da constante busca por conhecimento.