Celebração, hoje, assinala posse da reitoria da Urcamp
Celebração, hoje, assinala posse da reitoria da Urcamp
Hoje, à noite, a partir das 20h, acontece a posse festiva da nova gestão da Urcamp, eleita no dia 1º de outubro, para comandar a instituição até novembro de 2022. O palco da solenidade é o complexo cultural Dom Diogo de Souza, onde serão anunciados, também, pró-reitores, coordenadores de cursos e assessores. A cerimônia oficial foi realizada na segunda-feira, dia 3, durante a reunião do Conselho Diretor da Fundação Attila Taborda (Fat).
Tendo recebido o terceiro voto de confiança do corpo docente, quadro de funcionários e acadêmicos, a professora Lia Maria Herzer Quintana estará, novamente, à frente da Urcamp pelos próximos quatro anos. Em eleição ocorrida no dia 1º de outubro, a engenheira foi aclamada para mais um mandato como reitora da instituição de ensino, junto ao vice-reitor, Fábio Josende Paz.
As ações que garantiram uma nova gestão na instituição de Ensino Superior (2018-2022) iniciaram há oito anos, em uma trajetória rumo a uma nova Urcamp. Hoje, além da credibilidade reconquistada junto à comunidade regional, a instituição coroou o novo momento com nota 5, conceito máximo emitido pelo Ministério da Educação, em 2018, através de seu recredenciamento.
Uma engenheira construindo uma nova Urcamp
Natural de Porto Alegre, Lia formou-se em Engenharia Civil na Unisinos, em 1987. Em Bagé, logo tornou-se presidente do Núcleo de Engenheiros e Arquitetos de Bagé – Neab. Fez mestrado na Universidade Federal de Santa Maria – UFSM e atuou como coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisa Ambientais e Energia – Nepae; além de ter sido Conselheira Titular do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio Grande do Sul - Crea.
Em sua trajetória na Urcamp, atuou como diretora do Centro de Ciências Exatas e Ambientais, além de ter sido eleita conselheira da Fundação Attila Taborda; coordenadora do curso de Engenharia Civil do campus Santana do Livramento; reitora pela primeira vez em 2010 e reeleita em 2014.
Atualmente, além desses dois cargos na instituição de ensino, preside o Conselho Regional de Desenvolvimento da Região da Campanha – Corede Campanha – eleita em 2016 e reeleita em 2018; é tesoureira do Consórcio das Universidades Comunitárias Gaúchas – Comung; segunda secretária da Associação Brasileira das Universidades Comunitárias – Abruc; e nomeada, através da Portaria nº 109, publicada no Diário Oficial em 15/03/2018, para compor o Conselho de Participação do Fundo Garantidor do Fies, na condição de suplente, representando as mantenedoras das instituições de educação superior cotistas do FG – FIES.
Trajetória em dois mandatos
Antes de 2010, a Urcamp era vista com pessimismo em vários setores da sociedade. Com uma grande estrutura espalhada por sete campi e um número cada vez menor de estudantes, a instituição acumulava dívida de R$ 274 milhões. A situação acumulava uma crise de credibilidade junto aos credores e aos próprios alunos e colaboradores. Essa foi a realidade que a primeira gestão de Lia encontrou ao assumir a reitoria.
A reestruturação financeira começou em alinhamento com a reorganização acadêmica e demandou muito estudo, planejamento, projetos e parcerias, como junto ao Comung e Abruc, buscando a sustentabilidade. Nos últimos dois mandatos, a gestão readequou e enxugou setores, criou a Central do Aluno para facilitar e agilizar as demandas internas, investiu em tecnologia e inovação, em integração com um moderno e eficiente Ambiente Virtual de Aprendizado – AVA, o que possibilitou o desenvolvimento de aulas e projetos em regime híbrido e com metodologias ativas de aprendizagem.
Ao atender as exigências do Ministério da Educação, implantou o ensino semipresencial em até 20% das disciplinas de graduação, através do Núcleo de Ensino a Distância – Nead. Reestruturou a parte física, inclusive laboratórios, promoveu reformas e pintura no campus central, em um planejamento organizado por cronograma que deve chegar de maneira gradativa e igualitária aos demais campi.
Além disso, ressaltando o caráter comunitário, na área da Extensão, por exemplo, a Urcamp remodelou o Hospital Universitário, tornando-o referência na Campanha gaúcha e implantou o Núcleo de Práticas em Saúde, onde acadêmicos dos cursos de Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Nutrição e Psicologia desenvolvem estágios monitorados, por meio de atendimentos gratuitos à população de Bagé e região.
Entrevista
Jornal MINUANO - A senhora está dando início a uma nova gestão, em um período de muitas mudanças. Qual era a realidade, em 2010, e quais os desafios e mudanças são projetados para os próximos quatro anos?
Lia Quintana - É bom lembrar o passado para não repetir os mesmos erros. Ou para fazer de novo o que deu certo. Quando assumi, o quadro da instituição era falimentar, muito difícil. Já sabia que pelo montante da dívida, que não era trabalho para quatro ou oito anos. O endividamento de 30 anos não se resolve em um estalar de dedos. Então, ao longo destes oito anos, trabalhamos para garantir os requisitos legais. Equacionamos as dívidas para mantê-las no fluxo. E o trabalho não acabou ainda. O que foi equacionado ainda está sendo pago. Quando entramos, a dívida era de R$ 274 milhões. Pagamos R$ 83 milhões, em torno de 30% da dívida. Ainda faltam 70%, que devem continuar sendo pagos. Hoje temos uma instituição com nota máxima no recredenciamento do Ministério da Educação e em processo de mudança constante e de inovação.
Jornal MINUANO - De que forma a Urcamp está se adequando ao novo ambiente de ensino e perfil de aluno, de nativos digitais?
Lia - O ensino, como todas as outras situações, mudou e alterou muito. Hoje, temos um novo aluno e perfil de ensino, novas profissões e precisamos nos preparar para esse novo formato, para a chegada do aluno digital, que tem o conteúdo pronto com forma de pesquisa diferenciada ao alcance da mão. Vamos trabalhar tanto o ensino presencial quanto o Ensino a Distância (EaD) com uma só premissa: ensino de qualidade, independente da plataforma, do formato que está sendo utilizado. Temos esse cuidado para garantir às pessoas a empregabilidade e a mudança que elas esperam quando se matriculam no Ensino Superior. Nosso ensino não vai ser em escala, vai ser direcionado à zona em que já atuamos, Campanha e Fronteira Oeste, sempre primando pela qualidade e interação com as comunidades.
Jornal MINUANO – De que forma a Fundação Attila Taborda, através da Urcamp, está engajada para alavancar o desenvolvimento regional?
Lia – A melhor situação para o desenvolvimento territorial sustentável é utilizar as vocações locais e possibilitar a mudança da matriz produtiva. Hoje, já vivenciamos a diversificação da matriz, pois aqui temos arroz, soja, pecuária, vitivinicultura e agora a olivicultura. A Urcamp participa desses setores com projetos, potencializando as matrizes. Isso move a cadeia, com a replicação de empregos e ofertas. O desenvolvimento não depende apenas do poder público e da sociedade, depende de todos. Trabalhamos para montar um ecossistema de desenvolvimento.
Jornal MINUANO – Como a senhora avalia a expressiva votação que garantiu um terceiro mandato? Dá para dizer que é o reconhecimento de um trabalho que reergueu a instituição?
Lia - Não é o meu trabalho. Eu fiz parte disso, mas todo mundo foi chamado a participar e respondeu. Aprendi que não podemos ter medo de trabalho, só assim para conseguirmos as coisas. Às vezes, ainda enfrentamos situações difíceis, fizemos reduções e temos que continuar reduzindo. A estrutura da instituição era para 10 mil alunos e hoje temos cinco mil. Eu não estava preocupada com o segundo e terceiro mandato, mas a melhor propaganda é o trabalho feito. A maior prova é o que a instituição está vivenciando. Não trabalho pensando em outra recondução, mas sim, para melhorar a instituição. O trabalho que estou fazendo, hoje, pode ser continuado por outra gestão. A FAT tem várias mantidas: Urcamp, Jornal MINUANO, Hospital Universitário, Casa da Menina, que somado vira uma força, uma referência. As pessoas confundem a FAT com as mantidas e isso é bom porque mostra a unidade dessa Fundação.
Jornal MINUANO – Presidente da FAT, reitora da Urcamp e presidente do Corede. São atividades expressivas que requerem muito tempo de dedicação. Como faz para dividir o tempo entre o trabalho e a família?
Lia– Costumo dizer que quem não tem nada para fazer, não tem tempo, e quando tem muito o que fazer, acaba achando tempo. É claro que a família tem muito menos tempo meu que aqui, na Urcamp. Mas procuro sempre melhorar a qualidade do tempo que passo com eles. Agora, por exemplo, estamos só pelo recesso.
Jornal MINUANO – Qual a Urcamp do sonho da Lia?
Lia – Ter dinheiro sobrando em caixa e pagar a folha de funcionários sem precisar reunir dinheiro. Mas para isso acontecer, ainda temos que equacionar muita coisa. Pode ser que meu sonho não se realize comigo na gestão, não sei para quando é esse sonho. Mas é isso que eu espero.
"A Urcamp é um bem de nossa comunidade. E se reinventa. E que bom que se reinventa, porque é necessário", Fábio Josende Paz
Fábio Josende Paz, natural de Dom Pedrito, atua como docente na Urcamp, há 15 anos, 12 em sua cidade natal. Em 2015, iniciou suas atividades no Campus Central de Bagé. Graduado em Sistemas de Informação pelo Centro Franciscano, concluiu sua especialização em Educação a Distância pela Universidade Gama Filho e o mestrado em Sistemas e Processos Industriais pela Unisc. Atualmente, é doutorando em Informática na Educação, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS.
A experiência do professor está na área de Ciência da Computação, com ênfase em Engenharia de Software, Usabilidade de Sistema, Learning Analytics Mineração de Dados Educacionais, além de programação, banco de dados e análise de sistemas. Realizou intercâmbio internacional enquanto bolsista na Universidade Del Quindio Armênia, na Colômbia; foi presidente e vice-presidente na Câmara de Dirigentes Logistas de Dom Pedrito – CDL; coordenador do Núcleo de Dom Pedrito do Programa Gaúcho da Qualidade e Produtividade – PGQP. Fábio Paz tem sete projetos de pesquisa, além dos projetos de desenvolvimento.
Na Urcamp, foi coordenador do curso de Sistemas de Informação, responsável pela implementação e coordenação do setor de Assessoria de Desenvolvimento Organizacional - ADO, – que entre suas principais realizações, implementou a criação dos processos online, além de auxiliar no planejamento da Instituição. Atualmente, o professor Fábio foi um dos responsáveis pelo projeto de recredenciamento da Instituição perante o Ministério da Educação, resultando em excelência através do conceito máximo – nota cinco.
Entrevista
Jornal MINUANO – Aos 38 anos de idade, escolhido como um dos gestores mais novos da Urcamp, em um momento em que a instituição passa por uma grande mudança e renovação estrutural e tecnológica. Como o senhor recebeu o resultado da eleição, com uma margem tão grande de aprovação nas urnas?
Paz - Foi uma surpresa, não tanto pela idade, porque já tenho alguma estrada e 15 anos de Urcamp, 12 deles em Dom Pedrito. Mas é uma missão difícil, fiquei orgulhoso de assumir e sei da responsabilidade que é. São cinco mil alunos e pretendemos chegar a 10 mil nos próximos quatro anos. Também queremos nos tornar referência em inovação no Estado e, quem sabe, no Brasil. O que estamos trabalhando para propor é algo muito diferente do que o mercado apresenta, vai auxiliar a instituição a crescer de forma correta, bem planejada. Isso vai ajudar a desenvolver a região, com certeza. As gestões passam, mas a instituição fica. A Urcamp é um bem da nossa comunidade e se reinventa, e que bom que se reinventa, porque é necessário.
Jornal MINUANO – Para os próximos quatro anos, qual será o principal desafio da nova gestão?
Paz – Nossa principal bandeira é o ensino inovador, diferenciado. Na próxima semana, vamos apresentar uma nova proposta de ensino, pois entendemos como ultrapassada a metodologia de estudantes sentados e o professor dando uma aula expositiva, de forma tradicional. Os alunos de hoje têm acesso à informação o tempo inteiro. A velocidade com que o conteúdo é acessado, através do smartphone, demonstra que eles estão em outro ritmo, e nós, enquanto instituição, precisamos acompanhá-los. Então, a nossa proposta é organizar, em uma plataforma, a informação e o conteúdo das aulas, remodelando o nosso ensino. Ao contrário de uma aula expositiva, os acadêmicos vão trabalhar projetos reais dentro das salas de aula, com mediação do professor. Na graduação tradicional, as pessoas saem da faculdade, mas não se consideram preparadas para o mercado. Por isso, vamos trazer esse universo da prática para dentro da sala de aula, resolvendo problemas reais de alguma empresa ou da própria Urcamp. Através do ensino por competência, queremos mostrar para a comunidade o potencial da Urcamp e mantê-la sempre entre as primeiras opções de escolha para os jovens da região.
Jornal MINUANO – O ano de 2018 foi muito positivo para a Urcamp, tanto pelo projeto de modernização do ensino quanto pela reestruturação e qualificação do campus de Bagé, culminando com a nota 5, nota máxima concedida pelo Ministério da Educação. Podemos dizer que as mudanças estão ocorrendo de dentro para fora?
Paz - Hoje, a nova Urcamp está pintada, com salas novas, modernizada, mas também investimos na qualificação da metodologia de ensino. As mudança são, realmente, de dentro para fora. As pessoas comentam que a instituição está viva, pulsando, mas não enxergam o que está acontecendo aqui dentro. Estamos investindo em processos para modernizar como um todo, como a desburocratização através do processo online, que agiliza e facilita muito o atendimento dos estudantes.
Jornal MINUANO - Em 15 anos de trajetória, foi testemunha das várias fases da instituição, algumas não tão positivas. Como vê todo esse processo de reestruturação dos últimos oito anos da Urcamp?
Paz - Estou desde 2003 na Instituição. Entrei com 22 anos para dar aula em Dom Pedrito. Durante todo esse tempo, passamos por problemas sérios. É bom falar disso, porque o aluno que entra agora não sabe o que aconteceu e não consegue entender os motivos pelos quais temos tanto orgulho de como a Urcamp está hoje. Passamos por problemas sérios, dívidas, falta de credibilidade. Quando a professora Lia assumiu, em 2010, começou um processo para melhorar esse cenário, mas não é fácil. Hoje, o legal disso é que ela (Lia) pode continuar à frente para colher os frutos que plantou lá atrás. Percebi isso quando estávamos viajando para estudar metodologias já implantadas de EaD para montar nosso modelo. A Urcamp é vista com muito respeito lá fora. Respeitada, justamente, porque estava fadada a fechar e se reinventou, e se reinventa a cada minuto e não tem medo da mudança. Esse é o caminho que estamos seguindo, com muito pé no chão, mas sendo arrojados.
Jornal MINUANO – Qual o recado para o corpo docente, os discentes e colaboradores que apostaram em uma nova Urcamp?
Paz – Quero agradecer pela oportunidade e pelo voto de confiança. Vamos trabalhar para que tudo que estamos propondo aconteça. E também gostaria de dizer que os alunos, funcionários e professores podem ter orgulho da instituição, porque na Fronteira Oeste e Região da Campanha, nota 5, com excelência em ensino, só a Urcamp.