Pesquisadora da Urcamp integra parceria para evento no México
Clarisse Ismério e Rafael Sais destacam “Mãe Luciana” em evento internacional
Com um trabalho de pesquisa já reconhecido no campo do patrimônio histórico, principalmente no âmbito da arte cemiterial, a pesquisadora e professora da Urcamp, Clarisse Ismério, acaba de confirmar participação no XXV Encontro Iberoamericano de Valorização e Gestão de Cemitérios Patrimoniais, que acontece na cidade mexicana de Morelia, de 28 de outubro a 1º de novembro. Doutora em História, Clarisse apresentou uma proposta em parceria com o administrador egresso da Urcamp e doutor em Educação da Unipampa, Rafael Sais, na qual aprofundam estudos sobre uma marcante personagem histórica bageense: “Mãe Luciana: representatividade da mulher negra no patrimônio cultural cemiterial”.
Os autores defendem que os Cemitérios Patrimoniais são lugares de memória que assumem características materiais e simbólicas, que permitem identificar registros que vão dos rituais e crenças religiosas até as ideias políticas e expectativa de vida da população. “Mas também oportunizam que as novas gerações conheçam personagens que, apesar de sua importância e realizações, acabam sendo invisibilizados ao longo da história”, explica Clarisse, oferecendo o exemplo de Luciana Lealdina de Araújo. De acordo com os pesquisadores, Mãe Luciana (1870-1930), como era conhecida, dedicou a vida ao acolhimento de crianças em situação de vulnerabilidade (em especial crianças negras) em um momento histórico de recentes processos de abolição da escravatura no país. Fundou o Asilo de Órfãs São Benedito, na cidade de Pelotas (1901), e o Orfanato São Benedito, na cidade de Bagé (1909), tendo sido beata milagreira por um tempo.
O resumo aprovado para o evento internacional destaca que, pela sua importância como mulher negra atuante, a história de Mãe Luciana foi incorporada ao Sarau Noturno, em 2020, e gerou um roteiro histórico étnico-cultural no Cemitério da Santa Casa de Caridade de Bagé. Responsável pela componente que concentra os estudos transversais na Urcamp, “Desafios Contemporâneos da Sociedade”, mas também docente da Escola Estadual Carlos Kluwe, Clarisse diz que esta iniciativa se volta ao atendimento de escolas municipais e estaduais reacendendo a memória de mulheres negras em uma região marcada pelas características patriarcais e machistas. “Estarmos no México, país que tanto investe em conhecimento sobre patrimônio cemiterial, defendendo a pesquisa e, ainda por cima, ter a oportunidade de tornar visível uma mulher negra, bageense, que viveu a virada dos séculos XIX e XX em plena fase da transição do regime de escravatura no Brasil e, mesmo assim, ter seu registro gravado na memória popular, é muito gratificante”, conclui a pesquisadora.
Coordenação na Urcamp
A professora doutora, Clarisse Ismério, foi nomeada pela Reitoria da Urcamp, no último dia 25, como nova coordenadora dos cursos de Pedagogia presencial e em EaD, bem como, do curso de História na modalidade EaD. Sua atuação será estratégica para os planos institucionais de fortalecimento do ensino das licenciaturas.
Pelo mundo
Entre os dias 26 e 28 de junho deste ano, a pesquisadora esteve no Centro de Estudos Brasileiros da Universidade de Salamanca (CEB-USAL, Espanha). Na Faculdade de Geografia e História, apresentou uma comunicação intitulada "O ofício da docência como impulsionador do protagonismo feminino no Rio Grande do Sul Republicano" e a coletânea "História de Bagé: novos olhares, vol.2", representando a Urcamp e a EEEM Dr. Carlos Antônio Kluwe.