Retratos da Cidadania revela o olhar crítico e sensível dos futuros jornalistas da Urcamp
Priscila Petrecheli - Acadêmica de jornalismo da Urcamp / ESPECIAL/ASCOM
A Urcamp proporcionou uma noite de fotojornalismo e reflexão ao inaugurar sua exposição “Retratos da Cidadania” nesta segunda-feira, 25. A mostra, que capturou cenas do cenário político e social de Bagé no período eleitoral, foi um projeto elaborado pelo professor do curso de Jornalismo, Jeferson Vainer, e acadêmicos. A abertura ocorreu no saguão do Campus Central da Urcamp, às 19h, e reuniu, também, professores e egressos do curso.
Retratos da Cidadania foi o trabalho que os alunos realizaram ao longo do segundo semestre. A primeira parte é dedicada ao aprofundamento no estudo teórico do fotojornalismo e também à prática, período em que os acadêmicos foram pautados para as saídas de campo durante as aulas. Quando voltavam, discutiam sobre as fotos captadas de maneira a debater o seu significado delas, demonstrando a sensibilidade aplicada na captura das imagens. Já na segunda etapa, a turma fotografou por conta própria, colocando em prática aquilo que aprenderam em sala de aula. Após um debate, as fotos foram selecionadas e a montagem da exposição começou, mesclando fotografias com produção textual.
A iniciativa proporcionou aos alunos a experiência de captar e interpretar a realidade social e política de Bagé, oferecendo um produto final que vai além do estético, revelando histórias e questionamentos muitas vezes invisibilizados. O professor Jeferson Vainer, que coordenou a exposição, explica que tinha como objetivo de que a turma participasse do período eleitoral já exercendo a função de jornalistas. “A ideia é que a turma participasse do processo democrático exercendo a função para a qual estão estudando: serem jornalistas que tenham uma percepção sobre a realidade na qual estão inseridos e que possam, através da linguagem fotográfica, junto ao recurso do texto, trazer à tona uma percepção crítica, construtiva e colaborativa”, explica o professor.
Vainer descreve os motivos para expor o trabalho da turma. “A exposição é o motivador que levou à concretização do trabalho, pois, também como futuros profissionais, os estudantes puderam ter a experiência da recepção de um produto que eles criaram. E, por fim, entenderem sobre o poder que têm em mãos e também, a responsabilidade de exercerem esse poder em benefício da sociedade - principalmente aos que não têm voz devido à sua quase cotidiana invisibilidade”, destaca.
Bianka Aveiro, aluna do sétimo semestre do curso de Jornalismo, foi a responsável pelo projeto gráfico da exposição, mas conta que cada um deixou sua marca no trabalho. “O processo de produção do trabalho Retratos da Cidadania foi muito precioso. Todos nós alunos encaramos o trabalho com personalidade e autonomia, onde cada um deixou a sua marca, seja nas fotografias ou em toda a parte escrita do projeto onde colocamos referências de músicas, citações, pensamentos, tudo extremamente autoral”, relata. Ao falar do resultado, destaca o valor moral para sociedade e também a importância dele para o portfólio dos estudantes.
Entender o poder da fotografia foi, em síntese, um dos maiores aprendizados para a acadêmica do segundo semestre do curso de Jornalismo, Tairine Gonçalves. “Participar da exposição de fotografias foi uma experiência incrível. Desde o começo, quando começamos a pensar e discutir as fotos, foi um aprendizado. Achei muito interessante ver como cada um tinha uma visão diferente sobre o que queria transmitir”, fala Tairine. Quanto à exposição, a acadêmica destaca o sentimento de orgulho e realização pessoal ao ver sua fotografia exposta.
O cotidiano da eleição municipal
Além de irem às ruas em busca de inspiração, os alunos tiveram a oportunidade de fotografar um momento único: o debate entre os candidatos para a Prefeitura de Bagé, que ocorreu na Urcamp. Carolina Mello, que está cursando o segundo semestre, relata ter sido uma experiência positiva, já que aprendeu a lidar e como se comportar diante deste tipo de evento. “Quando participamos da cobertura jornalística do debate político foi uma experiência enriquecedora para mim, pois eu nunca havia coberto um evento dessa magnitude. A minha maior dificuldade foi encontrar as fotos que capturassem a essência do debate, com a pressão de registrar o momento certo, exigiu muita atenção e foco”, conta Carolina.
O acadêmico do segundo semestre, Róger Silveira Nobre, conta que foi possível entender como atua um fotojornalista, desde os enquadramentos até os momentos certos para captura e destaca que é preciso ter um objetivo além da questão estética. “Durante a aula, cada foto foi muito debatida, o que ela representa e o porquê de ser colocada no trabalho. De certa forma, em algumas das fotos foi um exercício de empatia, uma reflexão sobre situações e dificuldades enfrentadas por parte da sociedade. Além de um ganho significativo como acadêmico e o senso crítico que um jornalista precisa ter, há sobretudo, um ganho humano”, relata.
“A fotografia não pode ser pensada apenas como a captura de uma imagem bonita, mas sim a de uma imagem que traga sentido e que transmita ao público uma informação clara e objetiva de um fato ou de uma ideia”, explica o egresso do curso, jornalista Samuel da Rosa. Para ele, os acadêmicos trouxeram retratos únicos que muitas vezes passam despercebidos.
A exposição não celebra apenas o talento dos futuros jornalistas da Urcamp, mas também ressalta a importância do fotojornalismo como ferramenta de análise crítica e transformação social.