Procissão e fé pela saúde

A festa de Nossa Senhora Auxiliadora, co-padroeira de Bagé, teve seu ápice na noite desta segunda-feira, dia 24, com a procissão motorizada e acendimento das velas nas janelas, iluminando a cidade. Dentro desse contexto, o Hospital Universitário da Urcamp, mantido pela Fundação Attila Taborda, contou com uma recepção especial à Santa. Este ano, as celebrações iniciaram no dia 15, com a novena realizada, diariamente, às 19h, e serão finalizadas no dia 31 de maio, com a coroação da Santa. O tema da festa, este ano, é "Mãe Auxiliadora, com esperança, cuidando da vida".

Recepção especial no HU

Mantidos pela Fundação Attila Taborda, o Museu Dom Diogo de Souza e o Hospital Universitário da Urcamp se reuniram para organizar uma recepção à passagem de Nossa Senhora Auxiliadora, em um ambiente de fé e esperança frente à instituição de saúde.

Na fachada do Hospital Universitário, houve a projeção da imagem de Nossa Senhora Auxiliadora, além de um banner de dois metros de altura. A santa esteve iluminada, assim como o céu, com um canhão de luz para celebrar a passagem da imagem. O momento de chegada também contou com o som da musicista Mila Centena.

Outro momento importante que marcou a passagem de Nossa Senhora Auxiliadora foram as velas - tradição antiga, que nasceu em tempos de guerra. Agora, enquanto se enfrenta um inimigo mundial e invisível, nasce, junto à parceria com a escola Cavalinho de Pau, uma luz de esperança, através das mãos de suas crianças. Em apoio ao Hospital Universitário, os pequeninos da Escola entregaram, na sexta-feira, 21, o material que foi aceso junto ao HU.

A cerimônia de recepção reuniu a parceria entre Hospital Universitário e Museus da Urcamp, com o apoio da Escolinha Cavalinho de Pau, Ivã Art&Som, Atitude Propaganda, Serginho Lackmann e Mila Centena.

Gerente Financeira do HU e das organizadoras da homenagem, Isabel Messias afirma que a recepção foi uma forma de retribuir o fato da procissão passar pelo HU. “Fomos privilegiados com a procissão passar pelo nosso ponto, então, acho importante prestarmos essa homenagem, de uma tradição que estava se perdendo nos últimos tempos, que é das velas votivas e da celebração. Porém, a população bajeense voltou a se manifestar. Acho importante darmos essa ênfase, ainda mais nesse momento de pandemia em que só sairemos com respeito aos protocolos da Organização Mundial de Saúde (OMS), fé e esperança”, enfatiza.

Devoção

Vários devotos têm histórias de graças alcançadas por intercessão da padroeira e uma delas é a professora Camila Costa, de 29 anos. Ela conta que, desde muito pequena, acompanha o pai, Eduardo Costa, que é extremamente fiel e devoto de Nossa Senhora Auxiliadora, às missas na igreja. “Talvez há mais de 25 anos frequento missas e, em especial, a procissão de Nossa Senhora. Desde a minha infância tenho essa devoção, que foi herdada vendo a fé do meu pai”, lembra.

Camila ressalta que, tanto ela como a irmã, Débora, são muito devotas e ressalta que todas as vezes que pediram a intercessão à Nossa Senhora Auxiliadora foram atendidas. “Pedimos a restauração da saúde de uma pessoa especial e fomos atendidas” conta. Segundo Camila, Débora também tem histórias lindas a Santa desde que teve sua primeira filha, há 16 anos atrás.

A professora ressalta que já teve a missão de coroar Nossa Senhora Auxiliadora na igreja, mas relata como um momento especial, o ano de 2019, quando casou. “O então pároco, padre Ademar, me emprestou a imagem e levei para meu casamento”, destaca. Este ano, Camila participou de toda a novena, sempre mantendo a fé na Santa.

Tradição

Outra devota de Nossa Senhora é a poetisa e escritora bajeense Márcia Duro Melo. Ela participou de toda a novena e, durante a procissão motorizada, preferiu realizar os registros fotográficos para a página que mantém no Facebook de bajeenses que estão fora da cidade. Márcia conta que muitos integrantes, mesmo fora de Bagé, seguem acendendo a velinha na janela no horário da procissão, mantendo a tradição da procissão luminosa.

A poetisa salienta que era professora do Colégio Auxiliadora e foi ali que começou sua devoção à padroeira. Conforme Márcia, Nossa Senhora intercedeu por ela em vários momentos, mas, principalmente, recebeu uma bênção na saúde. “Este ano, em especial, estamos pedindo pelo fim da pandemia para que possamos, em breve, nos reencontrar e conversar”, relata.

Márcia conta ainda que, este ano, o Movimento dos Escritores Bajeenses (NEB) realizou uma homenagem à Santa, com o projeto Poemas em Devoção. “Os participantes escreveram as poesias que estão disponíveis em painéis na paróquia” ressalta. De acordo com a poetisa, essa é uma iniciativa inédita e foi possível com o apoio do pároco, Frei Juan Miguel Gutiérrez Mendéz, através do pedido da catequista Norma Loureiro.

Importância da Padroeira

A Presidente da FAT e Reitora da Urcamp agradeceu aos fiéis que foram receber a imagem enfrente ao Hospital Universitário e relembrou a história que começou em 1943, com as velas para pedir saúde aos doentes da segunda guerra. "Estamos danbdo continuidade a uma tradição de muita fé e devoção", completou.

De acordo com o bispo Dom Frei Cleonir Paulo Dalbosco, este ano, o pedido é para que a "Mãe Auxiliadora ajude a vencer e superar esse momento difícil de pandemia". Ele salienta que são muitos os exemplos que revelam o “Auxílio” de Nossa Senhora na história da humanidade.

Conforme Dom Cleonir, a festa litúrgica de Nossa Senhora Auxiliadora foi obra do Papa, Pio VII, em 1816. Napoleão, imperador da França, mantinha o Papa preso em Fontainebleau. Para não vacilar, Pio VII recorreu à proteção de Nossa Senhora, prometendo-lhe, que assim que fosse libertado, iria coroar sua imagem. Napoleão perdeu o trono, e acabou prisioneiro na mesma prisão onde estivera o Papa. Enfim libertado, o Papa cumpriu seu voto, coroando a imagem de Nossa Senhora. Em agradecimento à Maria, instituiu a festa de Nossa Senhora, no dia de seu retorno a Roma, 24 de maio.

O bispo ainda ressalta que é importante pedir à padroeira, constantemente, que abençoe os médicos e enfermeiros, nessa luta intensa no cuidado dos doentes. “Esse momento difícil passará, a pandemia do coronavírus será vencida. Precisamos nos manter unidos para os novos tempos que virão. Esperamos que, nesses novos tempos, sejamos mais humanos, solidários e fraternos”, destaca.

Conforme decreto Nº 68, de 2 de junho de 1958, Nossa Senhora Auxiliadora foi aprovada padroeira de Bagé, junto com São Sebastião. O decreto diz que: "Além do padroeiro tradicional de Bagé, São Sebastião, fica considerada, também Padroeira de Bagé, Nossa Senhora Auxiliadora".

Velas votivas

A tradição das velas votivas em Bagé surgiu durante a Segunda Guerra Mundial, quando o Exército Brasileiro enviou soldados para Europa, entre eles, muitos bajeenses. Preocupado pela vida dos combatentes, em 1943, o Padre Edgar Aquino Rocha pediu para que os bajeenses escurecessem a cidade e deixassem apenas velas acesas nas suas janelas. Além de orar pelo fim dos bombardeios, o padre pedia para Nossa Senhora Auxiliadora que todos os bajeenses retornassem com vida para casa. Essa atitude tornou-se símbolo de devoção e é praticada até hoje, todo dia 24 de maio.