Egresso da Urcamp é aprovado para a primeira turma de doutorado da Unipampa
Marcelo Rodrigues Barboza Duarte, de 30 anos, egresso do curso de Jornalismo da Urcamp, foi aprovado na seleção para a primeira turma do Doutorado Acadêmico do Programa de Pós-Graduação em Ensino (PPGE) da Universidade Federal do Pampa (Unipampa). O curso, recém-criado a partir da aprovação da Capes no final de 2024, terá sua aula inaugural no dia 20 de agosto, marcando o início histórico do doutorado na instituição.
A seleção envolveu três etapas: análise da produção científica dos últimos anos, avaliação de pré-projeto de pesquisa e prova oral. O projeto apresentado por Duarte trata da educação midiático-tecnológica na formação de professores. Ele explica que a realidade contemporânea, marcada pelo uso intensivo de tecnologia, presença constante de telas, hiperconexão, redes sociais, consumo informacional e perigos na internet — especialmente na vida de crianças e adolescentes — é uma problemática crescente nas escolas.
“Entendemos que a educação midiático-tecnológica é uma urgência no cotidiano escolar. É fundamental poder mostrar às crianças e adolescentes como fazer melhor uso da tecnologia e da internet, ensinar sobre os perigos, os cuidados necessários, enfim. E os professores precisam de preparação para poder articular essas questões em meio ao seu trabalho didático-pedagógico. Essa questão da educação midiático-tecnológica já recebe atenção da UNESCO, de países europeus e começa a avançar pouco a pouco nos países latino-americanos. Então o meu projeto de pesquisa busca compreender essas questões de forma articulada às políticas de formação de professores, políticas curriculares e à prática docente”, descreve o pesquisador.
A trajetória do novo doutorando com a Urcamp começou ainda no Ensino Médio, como aluno da turma de 2012 do “terceirão” do Colégio da Urcamp de Sant’Ana do Livramento, que atualmente leva o nome da professora Ierecê Lins, sua antiga professora de Biologia. Ele recorda que foi nesse ambiente que teve o primeiro contato com a pesquisa e a iniciação científica. “Praticamente todas as matérias e os professores nos instigavam à curiosidade, a buscarmos respostas, a descobrirmos coisas por nós mesmos. Isso estava ao procurar insetos com a Ierecê, ao discutir questões sociais com o professor Edinho em Sociologia e Geografia e até na matemática da professora Vera. Aliás, naquele ano, o colégio nos trouxe a Bagé para o Congrega 2012 e, com incentivo da professora Vera, um colega e eu trouxemos um trabalho de pesquisa sobre construção de casas recicláveis e outro sobre matemática aplicada à programação”, recorda.
Em 2016, ingressou no curso de Jornalismo da Urcamp, onde foi orientado e incentivado por professores como Cristiane Pereira, Clarisse Ismério, Taiane Volcan e Glauber Pereira. “Eles incentivaram o pensamento crítico voltado à teoria da comunicação, aos estudos culturais, a como a profissão do jornalista tem relações muito profundas com o cotidiano social e com a própria sociedade. Meus interesses de pesquisa, hoje, foram construídos a partir das discussões importantes em sala de aula e no TCC”, relembra.
Após a graduação, o jornalista deu continuidade às atividades de pesquisa com sua orientadora, professora Cristiane Pereira, e realizou uma pós-graduação em Docência do Ensino Superior, já com a decisão de seguir carreira acadêmica. Em 2022, foi aprovado em 1º lugar na seleção do Mestrado Acadêmico em Ensino da Unipampa, sob orientação da professora doutora Vera Lucia Duarte Ferreira e co-orientação de Gisele Benck de Moraes, da Universidade de Passo Fundo (UPF), com projeto voltado à educação e competências midiáticas na formação docente. A conclusão do mestrado em 2024 contou com a presença da professora Taiane Volcan na banca de avaliação.
Agora, em 2025, o pesquisador retorna ao mesmo programa como doutorando, novamente sob orientação da professora Vera Lucia. Paralelamente à vida acadêmica, atua como editor acadêmico na publicação de livros e revistas científicas. “A Urcamp contribuiu não só para que eu alcançasse este resultado pontualmente, mas contribuiu para me formar integralmente, enquanto profissional e enquanto sujeito. A Urcamp, com seu caráter comunitário, acaba tendo uma inserção extremamente importante e, tanto no ensino médio quanto na graduação, essa proximidade com os temas cotidianos e sociais foi fundamental para o profissional, o sujeito e o acadêmico que sou hoje”, analisa.
Pessoalmente, classifica a aprovação no doutorado como uma conquista de grande valor. “Quando a gente começa a ter a certeza do caminho que quer seguir no futuro, cada passo em direção a esse futuro é motivo de muita alegria. O doutorado é o passo que vai abrir portas muito importantes para atuação na docência do ensino superior, permitindo que possa contribuir para a construção de uma educação capaz de transformar vidas, uma educação socialmente referenciada e de qualidade, que não produza apenas mão de obra qualificada, mas que forme cidadãos críticos e engajados socialmente”, finaliza.