Urcamp integra debates sobre investimento do Ministério do Desenvolvimento Agrário na região
A Urcamp marcou presença nos debates do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), em Bagé, durante a última semana. O primeiro foi o encontro realizado no Sindicato dos Trabalhadores Rurais, no dia 8, quando o pró-reitor de Inovação, Pós-graduação, Pesquisa e Extensão, Guilherme Collares sugeriu três abordagens que não devem faltar na perspectiva de atuação do governo federal na questão da agricultura familiar.
Quem coordenou os trabalhos e reuniu representantes de entidades de produtores, de pesquisa e fomento agropecuário foi o superintendente do MDA no Rio Grande do Sul, Milton Bernardes. O objetivo do encontro foi levantar demandas dos agentes regionais para a implementação de novas políticas que possam atender áreas atualmente descobertas pelo ministério, mas principalmente voltadas à manutenção do homem no campo e combate aos altos índices do êxodo rural. “É uma coisa impressionante, mas quadruplicaram os dados que eles estudaram desde 2013”, observa o pró-reitor.
No encontro com outras entidades e organizações regionais, o pró-reitor da Urcamp apontou três bases para melhorias na ação do Ministério do Desenvolvimento Agrário em Bagé. Em primeiro lugar está a educação, principalmente voltada aos temas rurais, como agricultura familiar. “Isso é coisa que a Urcamp já faz com seus cursos há muito tempo, o que colabora para a capacitação para o trabalho e tecnologia, mas também permite aos jovens planejarem seu futuro sem a necessidade de sair de suas propriedades”, avalia Collares.
Um segundo aspecto é a injeção de recursos nestes sistemas produtivos regionais. “É preciso facilitar acesso a recursos ou processos para compra de terras, por exemplo. Este é um dos grandes problemas que faz as pessoas saírem do campo”, aponta Collares indicando que esta questão pode ser amenizada através de financiamentos para compra de terra para filhos de pequenos proprietários rurais.
A terceira questão levantada pelo pró-reitor da Urcamp diz respeito a políticas efetivas de proteção do Bioma Pampa. “Porque a gente vê essa expansão desordenada de determinadas culturas ou a ação danosa de herbicidas hormonais que estão matando parreiras e oliveiras”, avalia o professor apontando a necessidade de ações imediatas que contribuam para amenizar as práticas prejudiciais ao trabalho da agricultura familiar e garanta um futuro a quem decidir ficar no campo. “Afinal, falar em bioma é falar na relação do homem com a natureza”, definiu.
COM A COMUNIDADE
Já no dia 9, foi a vez da sede da Associação para a Grandeza e União de Palmas (Agrupa) receber a equipe do MDA. O objetivo do encontro foi estabelecer um contato direto com os produtores rurais e suas famílias. O superintendente do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Milton Bernardes, apresentou a agente territorial do Pampa, Renata Allende, responsável pela região do MDA do Rio Grande do Sul, onde Bagé está situada - entre os 18 territórios monitorados para desenvolvimento agrário gaúcho.
O grupo apresentou aos moradores e representantes de entidades e poder público o programa de crédito fundiário para aquisição de terras entre os produtores locais. Representando a Urcamp no evento, a assessora especial da Proippex, Rosete Gottinari Cohn, explica que, semelhante ao antigo Banco da Terra, o MDA vai facilitar o acesso de jovens oriundos de famílias de agricultores ao crédito. “Eles teriam, pela proposta, uma facilitação de até 30 anos, devendo logicamente apresentar um plano de manutenção e de produção nestas terras”, detalha a professora. De acordo com a proposta do Ministério, para acessar o estímulo de até R$ 280 mil, estes jovens já devem ser produtores que estejam no território e que comprovem a atividade nos últimos cinco anos.
Além da proposta do Ministério, a comunidade também apresentou suas demandas. Uma delas é a criação da Escola Família Agrícola (EFA), que se situe dentro do território, próximo às propriedades atendidas. “Há a necessidade porque o jovem não tem como acessar o Ensino Médio nestas localidades. Há um grande problema da educação fundamental e básica ", analisa Rosete. Outra questão levantada pelos moradores é a possibilidade de integrar os agricultores familiares e a própria cultura tradicional de Bagé e região nos cadastros nacionais de povos originários, em função do enquadramento permitir acesso a créditos e financiamentos mais acessíveis.