Encontro discute envelhecimento e arquitetura inclusiva em Bagé

Em um evento que reuniu estudantes e profissionais de Arquitetura e Urbanismo, a Urcamp promoveu uma roda de conversa sobre "Envelhecimento humano: as novas necessidades e a arquitetura inclusiva para pessoas idosas". O encontro, realizado no auditório da biblioteca da Urcamp, trouxe para o debate temas essenciais para a sociedade, como inclusão, patrimônio e civilidade, com foco no envelhecimento e na revitalização de espaços para o público idoso.

O professor Dudu Colombo, concluindo seu mestrado em Gerontologia Social pela Universidade Ibero-Americana, no México, e, formado em Filosofia,  destacou a importância da arquitetura no processo de envelhecimento, especialmente no que diz respeito à mobilidade e adaptação dos espaços para atender às novas necessidades da população idosa. Colombo ressalta como o planejamento de cidades, espaços públicos e edificações pode ser direcionado para garantir um ambiente acessível e inclusivo, colaborando com outras áreas do conhecimento para construir locais adequados para envelhecer. Esse conceito está alinhado ao que a Organização Mundial da Saúde define como "age in place" — o envelhecimento no local, onde os indivíduos mantêm seus laços afetivos e memórias, garantindo um envelhecimento com maior qualidade de vida em espaços que preservem suas conexões pessoais e histórias.

O professor frisou que, para que as pessoas possam envelhecer em seus bairros e cidades, é essencial que novos espaços já sejam planejados com esse objetivo e que edificações antigas sejam adaptadas para oferecer condições adequadas aos idosos. A arquitetura e a engenharia, junto a outras ciências, desempenham um papel fundamental nessa adaptação, especialmente considerando que o Brasil apresenta um crescimento acelerado da população idosa. “A preparação para o envelhecimento ainda é um desafio, pois muitas áreas do conhecimento, inclusive a arquitetura, não foram historicamente voltadas para essa demanda” alerta Colombo.

Em sua fala representando a Vila Vicentina, o médico Carlos Alberto Fico compartilhou sua vivência, enfatizando a necessidade de um olhar amadurecido sobre o local. “A Vila Vicentina está ali para estudo e se a sociedade não nos apoiar, não temos como garantir as atividades. É essencial ter o respaldo da comunidade para mantermos esses espaços vivos e acolhedores”, destacou.


Os egressos do curso de Arquitetura e Urbanismo da Urcamp, Darlan da Rosa e Vinícius Fontoura, dentro da temática do encontro, apresentaram uma proposta acadêmica de restauração para a Vila Vicentina, orientada pelos professores Marília Barbosa e Marcelo David Pereira. Os profissionais explicaram o "Projeto Reciclar", elaborado quando ainda eram estudantes do sexto semestre, em 2021, que visava a revitalização dos espaços e o restauro da capela.

Após a palestra, o público conferiu uma exposição de banners dos alunos do curso de Arquitetura, com o tema “Adote um túmulo”, que integra o Projeto Cemitério Memória Viva. A iniciativa incentiva a preservação da arquitetura cemiterial. Os trabalhos reúnem análises de túmulos importantes sob o aspecto artístico e histórico do Cemitério da Santa Casa de Caridade de Bagé, realizadas pelos acadêmicos do 4º e do 6º módulo.